Monday, March 27, 2006

Inspiro profundamente, enquanto a inspiração não chega. Salta-me o sangue, em golfadas de um novo respirar. Oxigenação de sonhos adormecidos.
Alto vai o sono que embala o corpo. As mãos, vazias, comprimem o ar líquido que escorrega por entre os dedos. Uma nova vida toca-me o corpo... E toco a vida num novo corpo.

Friday, March 17, 2006

As cores que se estendem por cima do rio... Num final de tarde. Uma cidade nova. Os passos que nos levam a lugares desconhecidos. Vagueando por ruelas de História, onde a nossa história se reconstrói. Ao sabor de um tempo antigo... O tempo pára... Ficamos suspensos, na crença de um renascer que flui, como as águas do rio... Numa explosão de cores, como o céu em chamas.
A noite rasga um olhar sobre as coisas. O manto negro cobre a pele que se estende no espaço. O corpo abre-se à luz... Que ilumina as entranhas. Nos lábios, o sabor a néctar do luar. O baloiçar dos braços abraça as estrelas. E a voz estende-se num canto de embalar desejos.

«Uma noite não é nada
Entro p'lo escuro

E saio de madrugada

Solto ventos no teu peito

Voam cambraias

Rios de luar desfeito

Sonhador

Troco sonhos p'lo teu amor


Dono da noite

Teus ombros a flutuar

Barca do sono

Sem rumo vai

Asa largada

Envolve-me um momento

Ulula o vento

Ondulam véus de luar


Uma noite não é nada
Entro p'lo escuro

E saio de madrugada

Trago estrelas a queimar

Acendo velas

Nas sombras do teu olhar

Sonhador

Troco sonhos p'lo teu amor


Ave nocturna

Inventa a dança do amor
Pássaro breve
Dá-me o luar

Se eu t'o pedir

Desevenda-me essa paixão

Desfia a bruma

Em sedas de sedução»


[BANDA DO CASACO; In "Banda do Casaco com Ti Chitas"]

Thursday, March 09, 2006

Não se percebe se os dentes cerrados iniciam um sorriso ou se encerram um pensamento. Mas percebe-se que há uma tensão, pronta a explodir.
Entre o espanto da descoberta e o medo da novidade...
O tempo pára, a tensão aumenta.
O amanhã é um tempo desconhecido... Mas as mãos abrem-se e desejam agarrar o tempo. Quero descansar o pensamento entre a pele do corpo. Amanhã voltarei, para abraçar um novo tempo.