Wednesday, January 04, 2006

Na noite fria, em que atravesso as ruas desertas da cidade, uma bola de fogo rasga-me os olhos. O tempo parece suspenso. Alargo os passos em direcção a um limite imaginário. Os carros, parados, mudam de cor. Já não há pessoas.
Espreito na primeira esquina que encontro, não há qualquer ruído... Vejo um gato, de corpo preto, que se contorce no cio de Janeiro. Apetece-me ficar... Ou talvez não. Volto a olhar e o gato desapareceu... E o corpo contorce-se. Vejo mais bolas de fogo... Já não me rasgam os olhos, aquecem-me o corpo, arrastam-me em direcção ao imaginário...
Oiço o batuque dos tambores, no fundo da rua dos limites... Já sou uma bola de fogo, feita lava incandescente.

1 Comments:

Blogger wal said...

a imagética do fogo transformador, o que de Prometeu se solta e cria..uma alma..onde só uma sombra havia...
esse vale a pena provar e tornar-se ele, todo ele, no inebriar impregnado do tempo de esquecer o que fomos, limitados...
no som da noite, ouçamos o respirar das almas libertas que em melodias cadenciadas se ritmam em danças de vida incandescentes...

4:52 AM  

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